Com um roteiro sensacional nas mãos, o diretor americano Delbert Mann (Vidas Separadas), deu vida à "Marty", produção de baixo orçamento e que acabou arrebatando 4 Oscars, entre eles o de melhor filme. Marty conta a história de um açougueiro italiano, simples, honesto e bonachão (Ernest Borgnine) que vive para o trabalho e para sua mãe com quem mora numa simples e ampla casa. Apesar de todas as qualidades morais, Marty é questionado e pressionado por todos, até pela mãe - uma italiana tradicional que luta pelo casamento e pela preservação da família como instituição básica da sociedade - pelo fato de ainda não ter se casado, já que está com (pasme) 34 anos. No fundo, Marty tem vergonha de si mesmo, com baixa de auto-estima, se martiriza por não ter um emprego de mais "status" social, além de ser gordo, tímido, inseguro e feio. Destituído de atributos físicos mais atraentes e marcado por um passado azarado com as mulheres, o açougueiro bondoso e atencioso vai, cada vez mais, recolhendo-se silenciosamente em casa e se isolando do mundo lá fora. Vendo-se pressionado de forma implacável diariamente pela mãe para se casar, Marty passa a frequentar, mesmo contra a vontade, uma espécie de clube de dança onde a paquera frenética domina o ambiente barulhento e enfumaçado.
Acontece que numa determinada noite no tal clube, Marty conhece Clara (Betsy Blair - ex mulher de Gene Kelly), jovem sofrida com a dor de ter sido abandonada pelo namorado que a achava um bagulho. Com sua enorme bondade, Marty ampara a moça em seu sofrimento de abandono e aos poucos vai percebendo que uma força (quase) divina faz com que o casal se conheça, se aproxime e compartilhe os mesmos problemas de timidez, baixa auto-estima e insegurança. Marty agora luta contra o preconceito de todos pelo fato de sua nova namorada ser feia. O longa é uma primazia de fotografia em preto e branco e direção onde o diretor Delbert Mann conduz uma narrativa, focada na solidão de Marty e em elementos quase revolucionários, não lineares e que quebra certos paradigmas. Marty nos coloca diante de valores rígidos da década de 50, onde era quase inadmissível um homem levar uma vida de solteiro mais longeva e feliz, sem a interferência danosa de toda uma sociedade e até da própria família. Convenhamos, uma realidade bem diferente dos dias de hoje, pouco mais de 60 anos depois do filme. Marty abocanhou 4 Oscars: Melhor filme - Melhor diretor (Delbert Mann) - Melhor ator (Ernest Borgnine) - Melhor roteiro adaptado.
Marty (Marty, Estados Unidos, 1955) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Paddy Chayefsky / Elenco: Ernest Borgnine, Betsy Blair, Esther Minciotti, Karen Steele / Sinopse: O filme narra a vida de Marty Piletti (Ernest Borgnine), um bom homem que acaba sofrendo preconceito por nunca ter se casado, se culpando por causa de sua condição social. Pressionado por todos, ele acaba conhecendo Clara (Betsy Blair) que pode se tornar finalmente o grande amor de sua vida. Filme premiado pelo Globo de Ouro e BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Borgnine).
Telmo Vilela Jr.
Cinema Clássico
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Estranhamente ate a decada de '70 um homem não ser casado e levar a vida sozinho não era incomum; eram chamados de solteirões, as vezes, com uma certa condescendência.
ResponderExcluirCada um vive como bem entender. Esse negócio de colocar as pessoas em caixinhas e modelo de comportamento é algo ultrapassado.
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