segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A Luz é Para Todos

Philip Schuyler Green (Gregory Peck) é um jornalista e escritor californiano que vai até Nova Iorque em busca de um recomeço em sua vida. Viúvo, com um filho pequeno, morando com sua mãe, ele acaba arranjando emprego em uma conhecida revista liberal da cidade. Sua primeira pauta de artigo é o antissemitismo na América. O editor o convence a escrever uma série de textos mostrando as lutas dos judeus contra o preconceito nos EUA. Em busca de uma matéria diferente Green tem uma ideia ousada. Como quase ninguém o conhece em Nova Iorque ele decide se passar por um judeu, para assim sentir na pele o antissemitismo declarado e escondido dentro da sociedade americana.

Assim que espalha que é judeu ele logo começa a sentir a diferença. Nem todos os restaurantes aceitam reservas em seu nome, seu filho começa a ser hostilizado na escola e ele próprio acaba descobrindo para sua grande surpresa e espanto traços de preconceito em sua própria namorada, uma mulher com o qual tem planos de se casar! Até dentro da própria revista onde trabalha descobre que há uma política de não empregar candidatos em busca de trabalho que fossem judeus. Um quadro alarmante que o deixa completamente perplexo!

Esse filme "A Luz é Para Todos" é na verdade um manifesto escrito de próprio punho pelo diretor Elia Kazan (que não foi creditado como roteirista)  sobre o preconceito contra judeus dentro dos Estados Unidos. Como ele próprio era judeu transpôs para as telas muitas das situações que vivenciou em seu dia a dia, tudo mesclado ao material original escrito por Laura Z. Hobson. O produtor do filme, Darryl F. Zanuck, o chefão da Fox na época, também era judeu o que ajudou ainda mais na divulgação da mensagem que o filme tenta passar. Uma das melhores cenas do filme acontece justamente quando o personagem de Peck tenta explicar ao seu jovem filho o que é conceitualmente um judeu!

A inocência do garoto em suas perguntas acaba expondo de certa forma até mesmo a complicada definição do que seria realmente um judeu em vista da sociedade humana. Uma religião? Uma raça? Kazan, de forma inteligente deixa tudo no ar. Em outro momento interessante do filme trava-se um diálogo muito espirituoso entre um cientista judeu (obviamente inspirado na figura de Einstein) e o jornalista interpretado por Gregory Peck. Em determinado momento o sábio e espirituoso físico explica a Peck que se ser judeu for uma questão de mera religião então ele próprio não seria mais judeu, uma vez que em suas convicções pessoais, como brilhante cientista, desconfiava até mesmo da existência de um Deus, seja ele judeu ou cristão. Em conclusão podemos dizer que "A Luz é Para Todos" é um belo filme da carreira de Elia Kazan. Um pouco panfletário, é verdade, mas mesmo assim uma obra que levanta muitos questionamentos e perguntas relevantes.  

A Luz é Para Todos (Gentleman's Agreement, EUA, 1947) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Moss Hart, Elia Kazan (não creditado), baseados na obra escrita por Laura Z. Hobson / Elenco: Gregory Peck, Dorothy McGuire, John Garfieldm, Celeste Holm / Sinopse: Jornalista (Peck) se faz passar por judeu para sentir na pele os preconceitos e desafios que os judeus sentem no dia a dia dentro da sociedade americana. Vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme (Darryl F. Zanuck), melhor diretor (Elia Kazan) e melhor atriz coadjuvante (Celeste Holm). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de melhor filme - drama, melhor diretor e melhor atriz coadjuvante (Celeste Holm).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Garota do Interior

Título no Brasil: Garota do Interior
Título Original: Small Town Girl
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: William A. Wellman, Robert Z. Leonard
Roteiro: Ben Ames Williams, John Lee Mahin
Elenco: Janet Gaynor, Robert Taylor, Binnie Barnes, James Stewart
  
Sinopse:
Katherine 'Kay' Brannan (Janet Gaynor) é uma garota nascida no interior, bem no meio rural. Ela acha a vidinha de interiorana muito maçante e complicada de suportar. Certa noite, casualmente, ela conhece o jovem, bonito e rico, Bob Dakin (Robert Taylor). Eles se dão muito bem, mas Bob acaba exagerando na bebida. Sem saber o que está fazendo pede a mão da garota em casamento. No dia seguinte, finalmente sóbrio, descobre que acabou se casando mesmo com ela numa capela local na noite anterior! Seus pais conservadores porém não admitem nem a hipótese de haver uma separação entre eles.

Comentários:
Comédia romântica que hoje em dia vai certamente soar muito pueril. Mesmo assim conseguiu manter o charme mesmo após tantos anos de seu lançamento original. O grande atrativo vem do elenco. Janet Gaynor e Robert Taylor formam o improvável casal de namorados ocasionais que acabam se casando numa noite de bebedeiras e loucuras (o enredo inclusive se parece muito com um fato real que aconteceu na vida de Marilyn Monroe, quando ela se casou bêbada com um amante que mal conhecia no México, para desespero dos executivos do estúdio Fox). Como se pode perceber pela sinopse se trata de uma comédia de erros, brincando o tempo todo com os costumes da época. A atriz Janet Gaynor funcionava muito bem nesse tipo de papel, a da garota espevitada dos anos 20 e 30. Com seus modos nada convencionais ela chocava o público que ia ao cinema oitenta anos atrás, exatamente por fugir daqueles rígidos padrões de comportamento aos quais as mulheres estavam submetidas. Já Robert Taylor era o galã que toda garota sonhava namorar (o que garantia a bilheteria do filme nos cinemas). Por fim e não menos importante é importante salientar a presença do ator James Stewart, ainda dando os primeiros passos em sua carreira, no elenco de apoio. Grande e desengonçado, ele não trazia nenhuma pista de que um dia iria virar um dos maiores nomes da história de Hollywood em sua era de ouro, clássica.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Sem Destino

A década de 1960 foi muito efervescente do ponto de vista cultural. O movimento hippie estava no ar e os jovens pensavam que tudo se resolveria através da singela filosofia da “Paz e Amor”. Infelizmente os fatos provaram que não era bem assim. Bom se todos aqueles movimentos se mostraram inócuos na vida real pelo menos na arte os anos 60 legaram para a posteridade ótimos discos, peças de teatro e filmes. Um dos mais celebrados foi justamente esse “Sem Destino”. O projeto nasceu de uma proposta de trabalho de Peter Fonda e Dennis Hopper que procuravam viabilizar a realização de filmes com baixo orçamento mas muitas idéias novas na cabeça. Peter, filho do ícone Henry Fonda, queria se afastar dos grandes estúdios e seus executivos, que não conseguiam mais entender a nova geração que estava aí. Ele racionalizou e entendeu que no máximo precisaria das grandes companhias cinematográficas apenas na fase de distribuição, já que na questão de produção e filmagem poderia bancar tudo praticamente sozinho. Hopper,  um notório “maluco beleza” daqueles anos, entendia que tudo o que precisava para realizar um bom filme era captar os novos tempos que pairavam dentro da sociedade americana naquele momento. Se afastar o máximo possível da mera ficção com o objetivo de retratar a realidade do cotidiano das pessoas ao redor.

E foi com esse espírito independente que nasceu seu maior filme, “Sem Destino”. Peter Fonda se uniu aos amigos Jack Nicholson (antes de virar um grande astro de Hollywood) e Dennis Hopper (símbolo da contracultura e do cinema de vanguarda) para literalmente cair na estrada, sem lenço e nem documento. Juntos a uma pequena equipe de filmagens saíram pelas highways americanas filmando tudo o que de interessante encontravam pela frente. Como a produção deveria ter custo mínimo o roteiro foi sendo escrito no calor dos acontecimentos, conforme as filmagens avançavam. Havia certamente uma linha narrativa muito tênue a seguir escrita pelo roteirista Terry Southern, mas o resto da estória foi sendo criado in loco por Fonda e Hopper durante as gravações. Uma das maiores ironias do elenco era certamente a presença de Jack Nicholson, um notório malucão dos anos 60, aqui interpretando um personagem careta! Assim que chegou nas telas o resultado comercial se revelou espetacular. “Sem Destino” custou a bagatela de meros 400 mil dólares e rendeu mais de 70 milhões de bilheteria, se tornando um dos filmes mais lucrativos da história. Peter Fonda se tornou um homem rico praticamente da noite para o dia, pois havia trocado seu cachê por um percentual nos lucros. “Sem Destino” no final das contas se revelou um ótimo produto do sistema capitalista americano que criticava, quem diria...

Sem Destino (Easy Rider, Estados Unidos, 1969) Direção: Dennis Hopper / Roteiro: Peter Fonda, Dennis Hopper, Terry Southern / Elenco: Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson / Sinopse: Dois motoqueiros vagam pelas estradas americanas em busca de aventuras. Em seu caminho conhecem os mais diferentes tipos de pessoas, desde caretas até hippies tentando viver o sonho da filosofia “Paz e Amor”. Premiado no Festival de Cannes com o prêmio de melhor filme de diretor estreante (Dennis Hopper). Indicado a Palma de Ouro. Indicado aos Oscars de melhor ator coadjuvante (Jack Nicholson) e melhor roteiro original.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Luz de Esperança

Título no Brasil: Luz de Esperança
Título Original: Green Light
Ano de Lançamento: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Frank Borzage
Roteiro: Milton Krims, Lloyd C. Douglas
Elenco: Errol Flynn, Anita Louise, Margaret Lindsay

Sinopse:
O astro Errol Flynn interpreta um jovem cirurgião, um médico brilhante, que assume a culpa por um colega quando uma cirurgia fracassada causa a morte de um paciente. Depois disso sua vida entra em um turbilhão de acontecimentos trágicos e ele tenta dar a volta por cima em sua profissão e em sua vida pessoal. 

Comentários:
A estranheza já começa quando vemos Errol Flynn interpretando um médico sério e centrado. Logo ele que ficou famoso interpretando Robin Hood e piratas dos sete mares, em interpretações físicas e empolgantes, em roteiros que exploravam aventuras e muita movimentação. Já aqui temos um dramalhão com toques religiosos. Realmente bem fora do comum. O livro original que deu origem a esse roteiro foi escrito por um pastor americano do século XIX, então o que temos aqui é basicamente uma história que tenta trazer uma lição de moral cristã, nada muito bem desenvolvido, apenas um instrumento de mensagem subliminar. Talvez por essa razão o roteiro do filme não seja particularmente bem escrito, uma vez que a história em si tem vários furos de lógica. Ainda assim por trazer o vigoroso Flynn em um personagem tão diferente acaba despertando o interesse dos cinéfilos. Um ator fora de seu habitual não deixa de ser algo sempre interessante de se conferir. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

O Tempo Não Apaga

Título no Brasil: O Tempo Não Apaga
Título Original: The Strange Love of Martha Ivers
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Robert Rossen
Elenco: Barbara Stanwyck, Van Heflin, Lizabeth Scott, Kirk Douglas, Judith Anderson, Roman Bohnen

Sinopse:
O ano é 1928. Baseado no romance "Love Lies Bleeding" escrito por John Patrick, o filme conta a história de Martha Ivers (Barbara Stanwyck), uma mulher dominadora e implacável, casada com um homem que tenta manipular de todas as maneiras. Martha tem um terrível segredo envolvendo seu passado, algo que não pode ser descoberto por ninguém.

Comentários:
Drama pesado, assinado pelo talentoso cineasta Lewis Milestone. O filme chegou a ser indicado a um Oscar, na categoria melhor roteiro. Curiosamente a indicação foi para o escritor John Patrick que escreveu o romance que deu origem ao filme e não propriamente ao roteirista dessa produção,  Robert Rossen. Um tipo de erro que alguns anos depois a Academia iria consertar, mudando as regras de indicação a esse prêmio. Outro fato curioso é que o filme fez grande sucesso na Europa (mais do que dentro do mercado americano). Sua trama, bem pesada, calcada em personagens dramáticos e trágicos, foi bem de encontro ao gosto dos europeus. Por essa razão o filme acabou fazendo boa carreira no exterior, inclusive sendo reconhecido no Festival de Cannes daquele ano. Outro fato digno de nota é que esse foi o primeiro filme da carreira do ator Kirk Douglas. Ele interpreta um jovem procurador, ambicioso, mas honesto, chamado Walter O'Neil. Douglas ainda era bem moço, mas já demonstrava aquele carisma forte que iria construir toda a sua carreira, o transformando em um dos grandes astros da história de Hollywood nos anos seguintes. Já Barbara Stanwyck se sobressai bastante com sua atuação ao dar vida a uma mulher com poucos valores éticos, cujas ambições se resumem a ficar rica, seja de que maneira for. Ela inclusive guarda um terrível segredo em seu passado que agora tenta de todas as formas esconder. Enfim, um bom dramalhão dos anos 40, valorizado sobretudo por seu excelente elenco.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Fogo Por Sobre a Inglaterra

Título no Brasil: Fogo Por Sobre a Inglaterra
Título Original: Fire Over England
Ano de Produção: 1937
País: Inglaterra
Estúdio: London Film Productions
Direção: William K. Howard
Roteiro: Clemence Dane
Elenco: Laurence Olivier, Flora Robson, Vivien Leigh, Raymond Massey, Leslie Banks, Tamara Desni

Sinopse:
Durante o reinado de Elizabeth I da Inglaterra uma série de conspirações rondam a rainha. Nobres ligados à sua irmã Mary, também filha de Henrique VIII, planejam destronar Elizabeth, colocando em seu lugar a católica e mais bem vista pela Espanha, Mary Stuart. Só que Elizabeth também está disposta a fazer de tudo para se manter no poder. Roteiro escrito baseado no romance histórico escrito por A.E.W. Mason.

Comentários:
O filme que fez Hollywood se interessar por Vivien Leigh foi o drama histórico "Fogo Por Sobre a Inglaterra", que se passava nos tempos do reinado da Rainha Elizabeth I. Vivien ficou extremamente bem no filme, com roupas de época. Ela ainda era bem jovem e sua imagem chamou a atenção dos grandes estúdios americanos. O fato desse filme inglês ser exibido nos cinemas dos Estados Unidos serviu como um cartão de visitas da atriz no outro lado do Atlântico. Esse filme também foi um marco na vida pessoal da atriz pois ela conheceu o ator Laurence Olivier com quem iria se casar futuramente. O fato de ambos serem atores, lutando pela carreira em Londres na pequena indústria cinematográfica local, acabou servindo de atração entre eles. O romance não demorou muito a acontecer, até porque Vivien se sentia bem solitária nos primeiros dias na capital britânica. Seus familiares e amigos ficaram no interior e em Londres ela precisou formar um novo círculo de amigo. Era uma nova vida que começava para ela.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Amante do Seu Marido

Título no Brasil: Amante do Seu Marido
Título Original: Ex-Lady
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Florey
Roteiro: David Boehm, Edith Fitzgerald
Elenco: Bette Davis, Gene Raymond, Frank McHugh, Monroe Owsley, Claire Dodd
  
Sinopse:
Helen Bauer (Bette Davis) é uma artista bem sucedida que nem quer ouvir falar em casamento. Para ela o matrimônio, com papel passado na frente do juiz ou do padre, acaba matando o romance. Ela gosta do compositor Don Peterson (Gene Raymond) e sente que, um dia, quem sabe, pode vir até mesmo a se casar com ele. O que Helen não quer é pressão e nem pressa para subir ao altar, mas acaba mudando de ideia quando aparece uma concorrente, a bela e doce Peggy Smith (Kay Strozzi) que também está de olho em seu futuro marido!

Comentários:
Qualquer filme que seja estrelado pela grande diva do cinema clássico Bette Davis certamente valerá a pena! Esse aqui, por exemplo, não passa de uma espécie de comédia romântica, com roteiro que critica os costumes dos relacionamentos amorosos de sua época. Não há nada de muito relevante nele, pois é um filme para pura diversão. Isso porém não quer dizer que não tenha méritos. Um deles é explorar a figura de uma mulher independente e dona de si e seu destino em plenos anos 1930, onde ainda havia forte pressão no papel da mulher que deveria se casar e ter filhos. Bette interpreta uma mulher moderna, dos novos tempos, que não está muito preocupada com isso. Seu figurino, seus penteados e suas atitudes são pura Belle Époque! Um tempo em que se procurava por mudanças, para não existir mais tanta repressão moralista! Um momento em que as mulheres finalmente procuravam seguir por seus próprios caminhos. E isso não acontecia apenas nas telas, mas nos bastidores também. A atriz Bette Davis exigiu um salário melhor (ela ganhava menos do que o ator que tinha um papel secundário no filme!) e acabou assinando um contrato muito vantajoso com os estúdios da Warner. Davis, que nunca foi de fazer concessões, acabou assim abrindo um caminho importante em Hollywood para a valorização das mulheres dentro da indústria cinematográfica.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Horas Intermináveis

Título no Brasil: Horas Intermináveis
Título Original: Fourteen Hours
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: John Paxton, Joel Sayre
Elenco: Paul Douglas, Richard Basehart, Grace Kelly, Debra Paget, Jeffrey Hunter, Barbara Bel Geddes
  
Sinopse:
A vida não tem mais sentido para Robert Cosick (Richard Basehart). Desesperado por ter perdido tudo, ficando arruinado financeiramente, ele decide subir até o décimo quinto andar de um edifício de Nova Iorque para pular. O policial Charlie Dunnigan (Paul Douglas) é então chamado para atender essa ocorrência e tenta convencer o potencial suicida para que não pule em direção à morte. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Direção de Arte (Lyle R. Wheeler e Leland Fuller). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria Melhor Filme Americano do Ano.

Comentários:
Um filme noir que acabou sendo conhecido por ser o começo das carreiras de atores jovens (e naquela época ainda desconhecidos), que iriam fazer sucesso em Hollywood nos anos que viriam. O caso mais famoso nesse aspecto foi a da estreia de Grace Kelly no cinema, ainda bastante inexperiente, interpretando uma personagem coadjuvante. Jovem e linda, ainda não se sabia que ela iria se tornar uma das maiores estrelas do cinema americano. Além de Grace o elenco de apoio ainda trazia Jeffrey Hunter, que iria se consagrar interpretando Jesus Cristo no épico "Rei dos Reis" e Debra Paget, que se tornaria famosa ao fazer a namorada do roqueiro Elvis Presley em "Ama-me com Ternura" (o faroeste "Love Me Tender"). Ou seja, poucas vezes se viu um elenco jovem tão promissor como nesse filme. Em termos gerais é um suspense noir que se baseia em uma situação limite que dura intermináveis 14 horas, onde um homem em desespero ameaça se suicidar, pulando do décimo quinto andar de um prédio em Nova Iorque. Enquanto ele ameaça pular ou não, um policial tenta convencê-lo a não fazer isso. A história foi baseada em fatos reais. Durante a grande depressão muitas pessoas perderam tudo na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque e se suicidaram. O filme assim romanceia um desses casos que terminou de forma trágica.

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O Melhor é Casar

Título no Brasil: O Melhor é Casar
Título Original: Love Is Better Than Ever
Ano de Lançamento: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Stanley Donen
Roteiro: Ruth Brooks Flippen
Elenco: Elizabeth Taylor, Larry Parks, Josephine Hutchinson

Sinopse:
A professora de dança Anastacia "Stacie" Macaboy (Elizabeth Taylor) se apaixona pelo inteligente agente de teatro Jud Parker (Larry Parks). Ele também gosta dela, mas não o suficiente para desistir de sua emocionante vida de solteiro e playboy. Então ela planeja armar uma armadilha para ele finalmente subir ao altar da igreja ao seu lado.

Comentários:
Um filme romântico com pitadas de humor que no quadro geral se torna bem agradável de se assistir. Entretanto se formos comparar com outros grandes clássicos do cinema em que Elizabeth Taylor atuava nessa mesma época como "Um Lugar ao Sol", por exemplo, as coisas se complicam mesmo. Esse filme é uma obra menor dentro de sua filmografia e isso em um dos momentos mais marcantes de toda a sua carreira. Liz Taylor que vinha colecionando elogios e sucessos de bilheteria aqui apenas fez o comum, o normal em termos de filmes românticos. Seus fãs e os críticos da época esperavam algo mais, por isso a recepção foi meio morna. Curiosamente seu parceiro romântico em cena seria atingido em cheio pela lista negra de Hollywood. Ator promissor e talentoso, Larry Parks viu sua carreira afundar para sempre depois disso. Enfim, um filme na média, mas que pelo menos serviu para imortalizar a imagem de uma bela e jovem Elizabeth Taylor em seus anos de juventude 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Torrentes de Paixão

"Torrentes de Paixão" é um thriller de suspense passado nas famosas cataratas do Niagara (situada na fronteira entre EUA e Canadá). Esse é um local bem popular ainda nos dias de hoje para casais em lua de mel. Após realizar "Almas Desesperadas" Marilyn Monroe foi novamente escalada pelos estúdios Fox para um papel bem parecido com o do filme anterior. Bem longe das comédias musicais que fizeram sua fama, Marilyn aqui interpreta novamente uma mulher fatal que não mede esforços para alcançar seus objetivos. Na trama acompanhamos Rose (Marilyn Monroe) e George (Joseph Cotten) um casal que passa férias em Niagara Falls. Ela é uma jovem que não consegue mais impedir seus impulsos sexuais e acaba se envolvendo com um amante local bem debaixo do nariz do marido traído. Ele é um homem com traumas de guerra que não consegue mais satisfazer sua jovem esposa pois retornou do conflito da Coreia completamente impotente, neurótico e irascível. Como não poderia deixar de ser eventos dramáticos vão marcar a passagem deles pelo local.

A Rose de Marilyn Monroe como o próprio marido descreve no filme é uma "vagabunda completa". Isso é bem curioso pois diante do desafio de interpretar a jovem esposa infiel, Marilyn Monroe não se fez de rogada e usou e abusou de sua sensualidade latente nas cenas. Aliás é um dos papéis em que a atriz mais se serviu de seu grande sex appeal. Sua exuberância aqui beira a vulgaridade. Numa das sequências mais famosas Marilyn faz aquele que parece ter sido o mais longo rebolado da história do cinema. São quase dois minutos e meio apenas mostrando Monroe caminhando de costas para a câmera. Literalmente um desbunde em plenos anos 50, um dos períodos mais moralistas da história americana. Usando de roupas sensuais e colantes o espetáculo na época foi considerado totalmente indecente. Aliás é bom frisar que Marilyn está linda no filme, inclusive podemos perceber bem sua boa forma em um enorme close up de seu rosto focalizado bem de pertinho. Simplesmente maravilhosa! Com batom exageradamente vermelho e voluptuoso Marilyn esbanja lascívia em cada cena que aparece. De certa forma o diretor Henry Hathaway sabia que tinha em mãos um dos maiores símbolos sexuais de sua era e resolveu mesmo abusar dessa situação. O filme foi realmente pensado nela e feito para ela. Todo o resto se torna secundário. Naquela altura ela já era um mito de popularidade e "Torrentes de Paixão" se aproveita a todo momento disso. Além de Marilyn ainda temos de bônus a bela Jean Peters com toda sua beleza sofisticada e refinada. No final tudo resulta em um belo espetáculo de beleza feminina a desfilar pela tela. Os estetas certamente vão se esbaldar. Assista e entenda como se constrói um sex symbol genuinamente Made in Hollywood.

Torrentes de Paixão (Niagara, Estados Unidos, 1953) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Charles Brackett, Walter Reisch / Elenco: Marilyn Monroe, Joseph Cotten, Jean Peters, Max Showalter / Sinopse: Jovem esposa infiel (Marilyn Monroe) tenta dar cabo de seu marido impotente (Joseph Cotten) por intermédio de um jovem amante mas os planos não saem exatamente como ela queria.

Pablo Aluísio.