quinta-feira, 28 de março de 2024
Elizabeth Taylor - Hollywood Boulevard - Parte 1
quarta-feira, 27 de março de 2024
Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 1
Entrou com um processo na corte de Los Angeles, proibindo que os garotos fossem explorados comercialmente pela mãe, numa jogada grotesca de oportunismo barato. Assim que conseguiu a vitória nos tribunais Chaplin declarou para a imprensa: "Eles poderão fazer o que quiser de suas vidas no futuro. Se quiserem se tornar atores ou comediantes terão o meu apoio. Isso porém apenas após se tornarem adultos. Conheço a exploração e as tragédias que acompanham a carreira de muitos atores mirins. Não quero isso para meus filhos!".
Depois dessa batalha judicial Chaplin resolveu se aproximar mais dos meninos. Embora cultivasse a imagem do adorável vagabundo nas telas, o fato era que em sua vida pessoal Chaplin era um homem até mesmo introvertido, taciturno, um diretor obcecado pela perfeição que poderia ser também rude nas filmagens com suas equipes. A reaproximação entre pai e seus filhos foi algo positivo, bom, mas não livrou Charles Chaplin Jr de ter muitos problemas emocionais em sua vida. Sempre à sombra do mito do pai, algo que ele jamais poderia superar, tentou uma carreira de ator quando atingiu a maioridade, mas nunca conseguiu o sucesso. Ele escreveria um livro chamado "Meu Pai, Charlie Chaplin" e morreria tragicamente e precocemente, após enfrentar anos de problemas com drogas.
Charles Chaplin achava, como muitos pais de seu tempo, que apenas a dureza e a firmeza de disciplina colocaria seu filho na linha. Assim ele procurou dar uma educação austera e disciplinadora aos filhos, no estilo mais conservador, mas com o passar dos anos acabou percebendo que isso não daria muito certo. Os meninos se ressentiam do pai, de seu jeito duro de ser, sempre como um figura autoritária, e com o passar dos anos acabaram se afastando mais ainda dele. O fato de Chaplin ter constituído uma nova família, anos depois, piorou ainda mais esse quadro. De fato pai e filhos nunca tiveram mesmo uma relação carinhosa e isenta de muitos problemas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 25 de março de 2024
O Gavião e a Flecha
Título no Brasil: O Gavião e a Flecha
Título Original: The Flame and the Arrow
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Waldo Salt
Elenco: Burt Lancaster, Virginia Mayo, Robert Douglas, Aline MacMahon, Frank Allenby, Nick Cravat
Sinopse:
Na idade Média, na região da Lombardia dominada por um principado alemão, um homem das montanhas chamado Dardo Bartoli (Burt Lancaster) entra em conflito contra o Duque estrangeiro conhecido como "O Falcão". E sua briga não se resume na dominação alemã da região, mas também em questões pessoais e familiares. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Ernest Haller) e melhor música (Max Steiner).
Comentários:
O filme é uma aventura ao estilo Robin Hodd. Aliás o personagem interpretado por Lancaster pode ser conceituado como um genérico italiano do famoso ladrão inglês. Ele vive na floresta, tem seu bando de salteadores felizes e luta contra a opressão, no caso aqui um reino de origem germânica que domina a região italiana da Lombardia. O filme é curto, menos de 80 minutos de duração e investe forte nas cenas de ação e lutas. E nessas encontramos um aspecto curioso. Como se sabe o ator Burt Lancaster veio do circo. Foi sua primeira escola. E tudo o que ele aprendeu na vida circense, como malabarismos e acrobacias, ele usa em cena nesse filme. Inclusive dispensou dublês. Além disso ele trouxe toda a trupe do circo que conhecia para trabalhar também no filme. São seus amigos do passado. Assim temos todos os tipos de números de acrobatas que você possa imaginar. É um filme ao velho estilo das matinês, então também não espere por roteiro detalhado e cheio de conteúdo. É um filme para pura diversão, basicamente isso.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 21 de março de 2024
As Chuvas de Ranchipur
E se o estúdio colocasse pitadas de romance com astros e estrelas de sucesso a boa bilheteria certamente seria certa. Todos esses ingredientes podem ser encontrados aqui em "The Rains of Ranchipur". Estrelado por Lana Turner e Richard Burton o roteiro explorava justamente esse nicho de mercado. Romance, aventura, terras exóticas e ação. Hoje em dia o filme é lembrado bastante por causa de seus bem realizados efeitos especiais (que chegaram a concorrer ao Oscar na categoria). De certa maneira é uma antecipação do que viria a se tornar bem popular algumas décadas depois, quando grandes desastres da natureza se tornavam o tema principal dos filmes que passaram a ser conhecidos como "cinema catástrofe". Tudo isso porque no enredo há um grande cataclisma natural. Se esse tipo de situação não lhe interessa é bom saber que a produção desfila um belo figurino em cena, principalmente nos trajes elegantes usados pelo personagem de Richard Burton. Lana Turner também não fica atrás, sempre tão fina e sofisticada. Em suma, uma aventura ao velho estilo, valorizado por um glamour tipicamente Hollywoodiano.
As Chuvas de Ranchipur (The Rains of Ranchipur, Estados Unidos, Inglaterra, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Louis Bromfield, Merle Miller / Elenco: Lana Turner, Richard Burton, Fred MacMurray, Joan Caulfield / Sinopse: Um elegante e nobre casal inglês decide fazer uma viagem de turismo na exótica Índia, naquele momento uma colônia do poderoso império britânico. O que eles não poderiam prever é que iriam estar no país indiano bem no meio de um grande desastre natural. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Ray Kellogg e Cliff Shirpser).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de março de 2024
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 2
Depois que Liz foi deixada de lado ele lembrou da atriz mais famosa da época, Marilyn Monroe! Estaria a loira disponível? Ela já havia se separado de Joe DiMaggio e se encontrava solteira, livre, leve e solta. De vez em quando saia em alguma revista notícias de seus namoricos, mas nada sério. Sem pensar duas vezes Rainier providenciou que dois de seus mais próximos assistentes voassem rumo a Nova Iorque para se encontrar com Marilyn Monroe pessoalmente. A missão era encontrar Marilyn e lhe fazer um gentil convite para que fosse até Mônaco, pois o príncipe era grande admirador seu. Quem sabe, eles poderiam sugerir sutilmente, que algo a mais poderia surgir desse encontro! Eles porém logo descobriram que isso não seria nada fácil. Era mais fácil encontrar o presidente dos Estados Unidos do que a famosa estrela de cinema. Marilyn, que era complicada até mesmo de ser encontrada nos sets de filmagens de seus próprios filmes, simplesmente desaparecia sem deixar rastros. Poucos conseguiam ver ou falar com ela. De uma forma ou outra, os enviados de Rainier conseguiram com muito esforço encontrar com a assistente pessoal da atriz nos corredores da Fox e com muita diplomacia e cautela explicaram o que desejavam. Será que Marilyn não estaria disposta a um encontro com o príncipe de Mônaco?
O curioso é que Marilyn sequer conhecia Mônaco, imagine Rainier. No dia seguinte ao acordar e se dirigir ao seu café da manhã - lá pelas três da tarde, como quase sempre fazia - Monroe foi informada do estranho convite! "Ele quer me conhecer? Para quê?" - indagou a loira com seus profundos olhos azuis e seu conhecido modo de agir de garotinha assustada! A assistente de Marilyn tentou explicar: "Pelo que eu entendi o príncipe deseja ter filhos com uma grande estrela americana" - Marilyn arregalou seus olhos com aquela revelação! Sim, era surreal. Marilyn não se conteve e logo caiu na gargalhada, rindo ainda mais depois quando viu a foto do pobre Rainier que poderia ser um príncipe, milionário até dizer chega, mas que não era nada rico em termos de beleza. Marilyn logo começou a brincar com sua aparência, suas orelhas de abano e cara de ratinho de milharal do meio oeste.
Não havia a menor possibilidade dela sequer encontrar com aquele nobre europeu algum dia. Ela não tinha interesse nenhum nisso. Tampouco queria se envolver em um romance arranjado, em um estranho encontro às escuras do outro lado do Atlântico. Aquilo tudo parecia muito bizarro para Marilyn. Não, de jeito nenhum ela iria conhecer o tal príncipe. O convite assim foi recusado e a história esquecida, a não ser como piada de salão, para Marilyn se divertir um pouco com aquele esquisito príncipe de Mônaco. Agora imagine sua enorme surpresa depois de alguns meses quando descobriu que uma outra estrela como ela aceitara o convite! Sim, Grace Kelly estava muito interessada em reinar em Mônaco. Não pensou muito e se comprometeu com o pouco atraente Rainier. Marilyn ficou muito surpresa com o fato, mas teve o gesto espirituoso de ligar para a colega parabenizando pelo casamento. Rindo, comentou: "Que bom que você encontrou um jeito de sair desse negócio de Hollywood!".
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de março de 2024
As Cartas de Grace Kelly - Parte 2
Grace Kelly nasceu em uma família tradicional da Pennsylvania. Seus antepassados eram alemães que foram para os Estados Unidos em busca de oportunidades e se deram muito bem, se tornando profissionais bem sucedidos. A mãe de Grace era uma mulher muito elegante, fina e sofisticada que falava várias línguas. Ela era disciplinada, estudiosa, desportista e se formou em uma prestigiada universidade. Algum tempo depois se tornou professora nessa mesma instituição. O pai de Grace também era um homem bem sucedido no ramo de negócios. Toda a sua família era extremamente bem estruturada.
Grace era a filha do meio. Ela tinha duas irmãs mais velhas e um irmão mais jovem, o caçula. Por ser a irmã do meio ela não sofreu todas as pressões que as garotas mais velhas sofreram, mas tampouco foi tão mimada quanto o caçula da família. A mãe de Grace desejava que ela fosse para uma prestigiada universidade para estudar medicina. Para isso a matriculou em uma excelente escola católica dirigida por freiras onde apenas moças da alta sociedade estudavam. O ensino era realmente maravilhoso e assim Grace Kelly teve uma educação primorosa.
A mãe de Grace queria que sua família tivesse uma educação prussiana, tal como ela havia sido criada em sua infância e juventude. Isso significa disciplina, boa educação e bons modos. A família Kelly assim era uma das mais requintadas da Philadelphia, muito bem conceituada dentro daquela sociedade. Todos as irmãs de Grace se tornaram pessoas influentes, bem sucedidas. O futuro parecia traçado por sua mãe, mas ela esqueceu de perguntar para Grace o que a filha queria fazer de sua vida. E Grace queria ser atriz, desde sua adolescência. Ela não queria ser uma médica, para passar o resto de sua vida em um hospital. Ela nem gostava de ambientes hospitalares!
O curioso é que havia artistas na tradicionalíssima família Kelly. A tia de Grace tinha tentando se tornar atriz em sua juventude. Ela até começou a dar certo em sua carreira, mas a pressão familiar falou mais alto e ela acabou largando seus sonhos. Largou a profissão de atriz, que era mal vista dentro do clã, e se casou com um rico homem de negócios. Acabou a vida frustrada, afundando as mágoas na bebida. Sobre ela Grace relembraria: "Pobre titia... Tão talentosa, mas havia nascido na época errada! Havia tanto preconceito contra artistas naqueles tempos!". A maior influência na vida de Grace porém vinha de um tio chamado Georgie. Ele não apenas sonhou em ser ator como se tornou um ótimo profissional de teatro e cinema, mesmo com todas as críticas e as constantes desaprovações dos demais familiares. Era considerado a ovelha negra da família Kelly, um sujeito com fama de ser uma pessoa exótica, sonhadora... Praticamente tudo o que Grace sonhava secretamente se tornar no futuro.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de março de 2024
Fugindo do Inferno
Tudo se passa dentro de um campo de prisioneiros de guerra do III Reich, da Alemanha nazista. Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir desse campo. O interessante é que pelo menos nessa época os alemães separavam militares inimigos presos no campo de batalha das pobres vítimas do holocausto. Depois com a deterioração completa da Alemanha as coisas ficaram mais complicadas, misturando priscioneiros de guerra com judeus. Todos acabavam nos campos de extermínio. Era uma violação direta de tratados internacionais sobre guerras mundiais como essa.
Essa prisão retratada no filme, por outro lado, foi especialmente construída pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso, o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, o clássico e aclamado faroeste "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio de cinema. São produções irmãs, vamos colocar nesses termos.
E se comparar bem os dois filmes veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima da média. Melhor do que o faroeste anterior. Tudo fruto, é óbvio, do grande sucesso do primeiro filme. Nesse filme de guerra a direção do cineasta John Sturges se destaca. Sempre o considerei um diretor subestimado na história de Hollywood. Provavelmente não lhe davam o devido valor porque seus filmes eram bem populares e tinham grande apelo junto ao público. O velho preconceito contra filmes que eram considerados comerciais demais. Bobagem. Pessoalmente considerado esse filme aqui uma verdadeiro obra-prima do cinema.
O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga, que realmente aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial. Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. A cena em que Steve McQueen pula a cerca do campo com uma moto também é puramente ficcional. Acabou se tornando a cena mais famosa do filme. De qualquer forma isso não desmerece as qualidades do filme. Afinal cinema tem sua própria linguagem e em determinados momentos exige uma certa mudança do que efetivamente aconteceu no mundo real. "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Um marco nesse gênero cinematográfico.
Fugindo do Inferno (The Great Escape, Estados Unidos, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial um grupo de prisioneiros é enviado para um campo de prisioneiros do exército alemão. Os que estão ali são especializados em fugas, por isso o lugar passa a ter forte esquema de segurança, o que não impede dos militares aliados de procurarem por novos meios de fugir daquele inferno. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Ferris Webster). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 11 de março de 2024
Tarzan e os Selvagens
Título Original: Tarzan's Hidden Jungle
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Harold D. Schuster
Roteiro: William Lively
Elenco: Gordon Scott, Vera Miles, Peter van Eyck, Jack Elam, Charles Fredericks, Richard Reeves
Sinopse:
Filme com roteiro baseado na obra do escritor Edgar Rice Burroughs. Caçadores inescrupulosos avançam rumo em direção ao reino de Sukulu, uma terra com rica em fauna e flora, nos confins do continente africano. Eles desejam aprisionar animais raros para vendê-los no mercado europeu por uma enorme quantia. Se fazendo passar por meros fotógrafos da vida selvagem, eles acabam se tornando próximos do chefe Sukulu. Contando com seu apoio, começam a contrabandear animais selvagens rio abaixo. O plano porém logo é descoberto por Tarzan que fará de tudo para que termine de uma vez por todas esse tráfico de animais silvestres.
Comentários:
Primeiro filme de Tarzan com o ator Gordon Scott interpretando o personagem. Scott deu vida a um Tarzan mais civilizado do que o que o público estava acostumado com Johnny Weissmuller. Na época a crítica brincou dizendo que era um "Tarzan com brilhantina". De positivo tínhamos por outro lado um Tarzan mais forte e musculoso, mais de acordo com a descrição dos livros e história em quadrinhos. O roteiro também apostava em aventuras mais movimentadas, com muitas cenas de ação e perigo. Assim como aconteceu com James Bond, Tarzan foi interpretado por vários atores ao longo dos anos e cada um deles trouxe alguma peculiaridade ao famoso personagem. Os filmes com Gordon Scott sempre foram considerados mais ao estilo pop, com mais sabor de aventura e matinê, o que não é um defeito em si, mas sim uma característica dessas produções. De uma forma ou outra ele acabou agradando e deu certo, a tal ponto que realizou vários outros filmes na pele do Rei das selvas. Para se ter uma ideia apenas dois anos depois ele retornaria com "Tarzan e a Expedição Perdida", considerado por muitos como um dos melhores da franquia. Essa porém é uma outra história que contaremos depois aqui em nosso blog de cinema clássico.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 7 de março de 2024
Aconteceu Naquela Noite
"Aconteceu Naquela Noite" é até hoje muito lembrado. Na verdade é um filme leve, uma comédia romântica muito bem escrita que apresenta ótimos diálogos (alguns bem ousados para os anos 30) e um delicioso "duelo" em cena entre os mitos Clark Gable e Claudette Colbert. Ela está perfeita em sua caracterização de garota moderna, que era muito popular entre as feministas daqueles tempos. Curiosamente o filme também mostrou o poder que Hollywood poderia exercer no mundo da moda e dos costumes. Nos anos 30 era padrão entre os homens americanos o uso de duas camisas - uma interna e outra por fora. Pois bem, em determinada cena de "It Happened One Night" Gable retira sua camisa e revela o peito nu para Claudette Colbert, mostrando que ele não usava duas camisas.
O momento considerado quase pornográfico pelos padrões morais dos anos 30 acabou virando sensação e moda pois da noite para o dia o americano médio aboliu também sua camisa interna - numa clara demonstração de que o cinema também poderia ditar as regras da moda. Clark Gable, que já era um grande galã, virou símbolo máximo da sensualidade e ousadia. Esse filme aliás foi seu segundo maior sucesso de bilheteria, ficando atrás apenas de "E o Vento Levou" que se tornaria por décadas o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos. Quem diria que uma simples camisa iria fazer tanta diferença...
Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night, Estados Unidos, 1934) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Frank Capra / Roteiro: Robert Riskin, Samuel Hopkins Adams / Elenco: Clark Gable, Claudette Colbert, Walter Connolly, Roscoe Karns, Jameson Thomas, Alan Hale / Sinopse: Jovem rica e mimada se envolve com um homem comum, da classe trabalhadora, deixando seu pai muito iritado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Clark Gable), melhor atriz (Claudette Colbert), melhor direção (Frank Capra) e melhor roteiro adaptado (Robert Riskin).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 4 de março de 2024
O Falcão dos Mares
"O Falcão dos Mares" é seguramente um dos maiores clássicos de filmes de aventura da história do cinema britânico. Uma produção espetacular com excelente roteiro e um elenco magistral, com destaque absoluto para Gregory Peck. Ele interpreta esse austero Capitão Inglês que é enviado para os confins do mundo conhecido com objetivos militares e políticos bem claros. Uma vez em seu destino, ele descobre que nada parecia ser o que ele esperava. Encontra um novo mundo cheio de guerras, brigas internas e conflitos. O líder revolucionário que poderia significar uma esperança para aqueles povos não passa de um bufão pomposo e sem escrúpulos. A população das colônias está também doente e desamparada, com uma epidemia de febre amarela. É justamente fugindo dela que surge a bela Lady Barbara Wellesley (Virginia Mayo). Ela pretende retornar para Londres no navio comandado por Hornblower. O problema é que aquela seria uma embarcação militar, não adequada para acomodar passageiros. Mesmo assim, por ser uma cidadã britânica, se torna obrigatório para o Capitão levá-la de volta ao lar, não sem antes se envolver em vários problemas decorrentes de uma viagem como essa. O filme tem excelente fotografia e cenas de combates entre navios que até hoje impressionam o espectador. Usando diversas técnicas (filmagens em estúdio e locações, embarcações reais, maquetes extremamente realistas e truques de câmeras) o espectador é levado a crer estar mesmo presenciando uma aventura nos mares naquela era tão turbulenta. O ponto alto do filme acontece quando o HMS Lydia enfrenta o orgulho da Marinha Real Espanhola, o navio Natividad. Uma cena de combate marítimo que está entre os melhores já realizados. Enfim, grande clássico, produção irrepreensível e história empolgante. Um grande filme, acima de qualquer crítica negativa que se queira fazer.
O Falcão dos Mares (Captain Horatio Hornblower R.N, Inglaterra, 1951) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts / Elenco: Gregory Peck, Virginia Mayo, Robert Beatty, Alec Mango / Sinopse: Para causar desestabilização política na América Central o Rei Eduardo da Inglaterra decide enviar uma embarcação militar com armas e munições para ajudar na luta dos revolucionários locais que desejam se libertar da dominação espanhola. Caberá ao virtuoso Capitão Horatio Hornblower (Gregory Peck) levar o HMS Lydia e seus tripulantes nessa perigosa viagem. No caminho encontram uma inglesa chamada Barbara Wellesley (Virginia Mayo) que deseja voltar para Londres. A viagem porém não será das mais tranquilas.
Pablo Aluísio.