quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Rock Hudson - Hollywood Boulevard - Parte 1

Na década de 1950 os padrões morais eram tão rígidos que era quase impossível para a sociedade aceitar que uma mulher viúva, mais velha, viesse a ter uma nova paixão em sua vida, ainda mais se fosse com um rapaz mais jovem e de classe social inferior. É justamente nesse tema bem espinhoso que se desenvolve a trama do filme "Tudo o Que o Céu Permite" (All That Heaven Allows, EUA, 1955). O filme foi dirigido pelo excelente cineasta Douglas Sirk, especialistas em dramas como esse e estrelado pelo astro máximo da Universal na época, Rock Hudson.

Rock estava ainda se firmando na carreira. Ele já havia chamado a atenção antes em filmes de western e de guerra, mas havia encontrado mesmo seu nicho em filmes românticos, dramáticos e com temas edificantes, geralmente baseados em livros de sucesso. Sua fase de êxito de bilheteria em comédia românticas, como as que realizou ao lado de Doris Day só viria depois. Aqui ele exercita seu lado galã, o tipo ideal para interpretar personagens assim na opinião de Sirk. Ele queria um tipo que representasse o americano médio, alto, honesto e de bom visual. Não havia ninguém melhor que Rock para o papel.

Ao seu lado atua a atriz Jane Wyman. Ela já era uma veterana da telas quando o filme foi realizado e por isso procurou ajudar Rock que ainda tinha momentos de puro amadorismo, fruto de sua falta de experiência. O interessante é que Jane até mesmo se sentiu atraído pelo jovem galã no set de filmagens, mas obviamente não deu em nada. Rock era gay e escondia sua condição para não atrapalhar sua carreira, afinal de contas seu desempenho era baseado também na incrível força de atração que exercia nas mulheres que iam assistir aos seus filmes. Se elas descobrissem que ele era na realidade gay o encanto iria se desfazer no ar e nenhum produtor o chamaria mais para trabalhar. Seria o fim de sua carreira. Talvez por isso Jane tenha procurado por outros pretendentes, entre eles o ator Ronald Reagan que iria se tornar o Presidente dos Estados Unidos na década de 1980.

Revendo esse filme hoje em dia várias coisas chamam a atenção, mas uma delas se destaca. Douglas Sirk trabalhou com fotografia em cores (algo que ainda era considerada uma novidade na época, só se tornando padrão depois). Diante da nova tecnologia ele criou um filme muito bonito de se assistir, com cores fortes e intenso aproveitamento dos cenários naturais, tudo filmado em locações reais (outra novidade já que naqueles tempos as empresas cinematográficas preferiam rodar tudo em seus enormes estúdios de Hollywood). Diante disso se há algo que ficará em sua mente após assistir ao filme será justamente o tom de pintura natural que Douglas Sirk imprimiu à sua obra. É certamente o aspecto mais marcante de todo o filme.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Ou Vai ou Racha!

Mais uma parceria da dupla Jerry Lewis / Dean Martin. Aqui eles protagonizam um verdadeiro Road Movie cômico pois boa parte do filme se passa durante a viagem que ambos fazem, atravessando os EUA de costa a costa para chegar até a Califórnia. No caminho várias cenas de pastelão bem ao estilo de Jerry Lewis. O curioso é que o humor além de físico é muito cartunesco, utilizando linguagem de desenhos animados da época. Esse filme foi o último realizado pela dupla. Dean Martin após inúmeras brigas com Jerry Lewis resolveu se afastar do colega de tantos anos (estavam juntos desde a época em que se apresentavam em clubes de segunda categoria). Martin achava que Lewis não lhe dava o devido reconhecimento e destaque, o que acho injusto pois Dean Martin nada mais era do que uma escada para Jerry brilhar em cena, esse o verdadeiro comediante da dupla. Além disso Jerry Lewis sempre encaixava alguma canção de Martin nos filmes na tentativa de promover o talento musical de Martin (como acontece aqui onde Dean Martin tem a oportunidade de apresentar várias canções). De qualquer forma por um motivo ou outro Jerry iria estrelar sozinho seus filmes daqui em diante, sendo o "Delinquente Delicado" sua primeira produção solo.

Além de ser o último filme da dupla Martin / Lewis, "Hollywood Or Bust" traz ainda duas outras curiosidades. A primeira é a presença de Anita Ekberg no elenco, tentando emplacar no cinema americano. Sua participação não é muito relevante, diria até antipática, mas até que segura bem as pontas (inclusive com poucos diálogos pois não sabia falar muito bem inglês). O segundo ponto forte desse filme é a direção de Frank Tashlin, o melhor diretor de filmes da dupla. Ele inclusive dirigiu aquele que é considerado o melhor filme de Martin / Lewis, o ótimo "Artistas e Modelos". Aqui o resultado é mais modesto. É sem dúvida uma comédia divertida e agradável, mas longe de seus melhores momentos no cinema. Enfim, "Ou Vai Ou Racha" marcou o fim de uma era. Foi a última chance de ver essa bela dupla junta.

Ou Vai Ou Racha! (Hollywood or Bust, Estados Unidos, 1956) Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Erna Lazarus / Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Pat Crowley, Anita Ekberg / Sinopse: Steve Wiley (Dean Martin) dá um golpe durante um sorteio de carro e tem que dividir o prêmio com Malcolm Smith (Jerry Lewis), o verdadeiro vencedor do concurso. Juntos resolvem viajar com o carro para Hollywood.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 1

Foi na primavera de 1954 que James Dean pintou pela primeira vez em Hollywood como ator contratado. Ele havia fechado contrato com a Warner em Nova Iorque para interpretar Cal Trask na adaptação para o cinema do livro de John Steinbeck. Elia Kazan iria dirigir o filme e havia indicado expressamente Dean pois o tinha visto atuando em Nova Iorque em uma peça e se convencera que aquele era certamente o ator que tanto esperava para dar vida ao atormentado e sombrio Cal. Assim que chegou na costa oeste Dean foi recepcionado por Kazan, que fez um trabalho especial para que sua presença passasse despercebida pela imprensa local pois queria que James Dean se concentrasse apenas em seu papel e nada mais. Era vital que ele ficasse longe dos holofotes e das colunas de fofocas dos jornais da cidade. Como ainda era um perfeito desconhecido na época os planos de Kazan deram completamente certo.

Dean não tinha onde morar em Los Angeles e assim a Warner alugou para ele um pequeno quarto em cima de uma drogaria, bem em frente aos portões principais do estúdio. Assim tudo o que Dean tinha que fazer era atravessar a rua pela manhã para ir até a Warner começar seu trabalho. O quarto era modesto, cujo aluguel era de apenas 50 dólares, mas para Dean, apenas um jovem na época já estava de ótimo tamanho. Todas as manhãs Dean ia até uma lanchonete na esquina, tomava um pequeno café preto, comprava um maço de cigarros e ia para o balcão onde o filme estava sendo rodado. A Warner apostou alto no filme e reconstruiu a cidade de Salinas, onde o enredo se passava, em estúdio. O tamanho da produção intimidou Dean nos primeiros dias. Elia Kazan logo percebeu que o ator ficava muitas vezes retraído, tímido e muito na dele, não procurando se socializar com os demais membros do elenco.

Kazan, um mestre em lidar com atores complicados, logo começou a criar uma amizade bem próxima com Dean, lhe incentivando a discutir as cenas, debatendo as melhores formas de atuar. O resultado dessa aproximação se refletiu em cada cena do filme, hoje considerado um dos grandes clássicos do cinema americano. Curiosamente o estilo de trabalhar de Dean bateu de frente com os atores mais veteranos. Raymond Massey que interpretava o pai de Dean no filme, Adam Trask, se irritava com as improvisações de Dean no set. Massey havia estudado atuação em Oxford, era um ator da velha escola, e não via com bons olhos aquele método de atuar típico do Actors Studio de Nova Iorque. Ele queria seguir à risca o que estava no roteiro enquanto Dean achava que o ator também era parte essencial no processo de criação de um filme e deveria colocar parte de sua personalidade em cada linha de diálogo. Foi um verdadeiro choque de escolas em plena filmagem, algo que Elia Kazan não viu como algo ruim, pelo contrário, como pai e filho eram problemáticos no enredo nada mais interessante que trazer essa tensão entre a nova geração e a velha também durante as filmagens. Ele sabia que no final o filme é que sairia ganhando com esse duelo.  

Fora dos estúdios a Warner determinou a Dick Clayton, um ex-ator e agora agente, que ficasse de olho em Dean, que era conhecido por ter atitudes inesperados e impulsivas. Ao longo dessas primeiras semanas ao lado de Dean, Clayton acabou confirmando o que diziam dele. Assim que recebeu seu cachê de 10 mil dólares as duas primeiras coisas que o ator fez foi comprar um cavalo palomino e um carro esporte GM, que passou a dirigir em alta velocidade pelas ruas de Hollywood. A compra do cavalo era um exemplo de como Dean agia. Ela não montava e não tinha um rancho onde colocá-lo mas ao se deparar com o animal em um estábulo nos estúdios da Warner (ele estava sendo usado em um filme com Randolph Scott) não pensou duas vezes e o comprou, assim, sem mais, nem menos. Em relação ao carro Dick resolveu escrever um memorando aos executivos da Warner para que tomassem cuidado com Dean pois ele "dirigia feito um louco" e caso sofresse algum acidente poderia trazer prejuízos financeiros para a Warner futuramente. O tempo provaria que ele tinha toda a razão do mundo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Do Mundo Nada se Leva

Do Mundo Nada se Leva
Outro grande clássico da filmografia do diretor Frank Capra. Ao lado de "A Felicidade não se Compra" é considerada uma obra-prima do cineasta. Lançado em plena grande depressão trazia aquele tipo de otimismo que era bem característico nos filmes de Capra. A história mostra James Stewart (bem jovem) interpretando o filho único de um milionário de Wall Street. O pai quer ver o filho como novo presidente de seu grupo financeiro, mas o filho tem uma outra visão de mundo. Ele está apaixonado por uma moça muito carismática e bonita que trabalha como secretária. Claro que o preconceito social dos pais dele (principalmente de sua mãe) chega forte contra esse namoro. E as coisas só pioram quando eles conhecem a família da jovem. São pessoas completamente diferentes, que priorizam outros valores, que não ligam para dinheiro ou poder, mas apenas para sua felicidade. 

Frank Capra passa inúmeras mensagens subliminares ao contar essa história que parece simples. É simples apenas no exterior, pois em sua essência passa mensagens importantes, como por exemplo, o valor da própria felicidade, a busca por algo que se gosta e não necessariamente por aquilo que vai lhe fazer rico e a rejeição da ganância como valor principal de uma vida. A família da jovem assim se contrapõe diretamente contra a família do personagem de James Stewart. Enquanto os seus pais são preconceituosos e gananciosos, a família dela é feita de pessoas que são felizes e isso é seguramente o mais importante. Em suma, um filme realmente muito bom que ajudou o povo norte-americano a passar pelas agruras e dificuldades da grande depressão naquele momento histórico terrível para os Estados Unidos. 

Do Mundo Nada se Leva (You Can't Take It with You, Estados Unidos, 1938) Direção: Frank Capra / Roteiro: Robert Riskin, George S. Kaufman / Elenco: Jean Arthur, James Stewart, Lionel Barrymore / Sinopse: O amor entre o filho de um milionário de Wall Street e uma jovem secretária precisa superar o preconceito social que sofre o casal apaixonado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme e melhor direção. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

As Cartas de Grace Kelly - Parte 1

Após deixar Hollywood para se casar e ser literalmente uma princesa na Europa, Grace Kelly resolveu manter uma boa postura sobre sua despedida do cinema. Ele raramente deu entrevistas ou disse o que achava da capital do cinema mundial. Discreta, procurou evitar polêmicas desnecessárias, afinal de contas uma nobre de sangue azul não poderia se envolver em fofocas e coisas do tipo. Isso ficou guardado a sete chaves até que recentemente várias cartas de Grace Kelly foram divulgadas, trazendo algumas opiniões da atriz sobre os anos em que passou trabalhando para os grandes estúdios americanos.

Esses escritos revelam de certa forma uma dubiedade na opinião dela sobre tudo o que vivenciou em seus anos como atriz famosa e estrela de Hollywood. Ora Grace parece ter uma visão muito ruim e pessimista sobre a indústria, ora parece saudosista e com muitas saudades daqueles anos. Sobre as relações sociais em Hollywood Grace resumiu tudo em uma frase bem mordaz dizendo: "Tenho muitos conhecidos por lá, mas nenhum amigo!". Depois confessou que o clima de se trabalhar naqueles grandes estúdios não era tão glamoroso quanto o público pensava naquela época. Sobre isso ela escreveu a uma amiga confessando: "Hollywood é um lugar sem piedade. Não conheci nenhum outro lugar no mundo com tantas pessoas sofrendo de crises nervosas, com tantos alcoólatras, neuróticos e tanta gente infeliz. Parece sagrada para o público, mas na verdade é mais profana do que o demônio.”

Um aspecto que chamou bastante a atenção de Grace Kelly quando trabalhava em Hollywood e que talvez tenha sido crucial para que ela largasse a vida de estrela veio da observação que teve sobre a realidade das atrizes mais velhas do que ela. Elas tinham sido estrelas do passado, mas agora não tinham mais importância para os produtores. Grace chegou na conclusão de que quanto mais velha se ficava em Hollywood, menos se conseguia bons papéis e bons salários nos filmes em que atuavam. Isso, claro, quando se conseguia trabalho, pois Grace ficava entristecida como certas estrelas do passado eram mal tratadas pelos produtores após a idade chegar para elas. Ele resumiu suas conclusões em uma carta escrita a um amigo jornalista de Nova Iorque que perguntava se um dia ela retornaria para trabalhar em algum filme. Respondendo a ele, Grace escreveu: "Não vou voltar! Conheci grandes estrelas do passado que praticamente imploravam por um papel quando perdiam a beleza e a juventude! Era muito triste! Elas tinham sido grandes estrelas, fizeram com que os estúdios ganhassem milhões com seus filmes, mas depois de muitos anos ninguém mais se importava com elas ou as respeitavam! Eu quero outro futuro para a minha vida!"

A carga de trabalho também não era nenhum passeio como ela bem explicou: "Há alguns anos, quando cheguei a Hollywood, eu começava a fazer a maquiagem às oito horas da manhã. Depois de uma semana o horário foi adiantado para às 7h30. Todos os dias via Joan Crawford, que começava a ser preparada às cinco, e Loretta Young, que já estava lá desde as quatro da manhã! Deus me livre de viver em uma atividade em que tenho de me levantar cada vez mais cedo e levar cada vez mais tempo para poder encarar as câmeras”. De qualquer maneira Grace Kelly nunca chegou a fechar definitivamente as portas para quem sabe um dia voltar para o cinema! Quando Alfred Hitchcock a convidou para voltar para apenas mais um último filme ela lhe respondeu de volta agradecendo, mas explicando que não voltaria tão cedo. Para o mestre do suspense Grace escreveu: “Obrigada, meu querido Hitch, por ser tão compreensivo e atencioso. Odeio decepcionar você! Também odeio o fato de que provavelmente existam muitas outras ‘cabeças’ capazes de fazer esse papel tão bem como eu – Apesar disso, espero continuar a ser uma de suas ‘vacas sagradas”. Nesse trecho Grace fez um trocadilho com uma declaração que Hitchcock havia feito sobre os atores e atrizes com quem havia trabalhado, os comparando com gado! Depois de forma muito terna ela se despediu dizendo: "Com um imenso carinho me despeço querido amigo" (onde acabou destacando bem a palavra “imenso”). Assinado “Grace”.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 1

A sexualidade de Marilyn - Apesar de ter sido um dos maiores símbolos sexuais da história do cinema, Marilyn nunca conseguiu ser plenamente feliz em sua vida sexual. Isso pode ser comprovado nos escritos que deixou ao longo dos anos. Em vários deles Marilyn deixou bem claro que, em muitos aspectos, sentia-se frustrada nesse aspecto. Assim não faltaram farpas para os homens que conseguiram levar a estrela para a cama. Marilyn costumava dar apelidos engraçados para os vários tipos de parceiros sexuais que teve. Um dos que mais lhe irritavam eram os "lobos". Marilyn usava essa denominação para qualificar homens que se aproximavam dela com segundas intenções. Na superfície pareciam homens bondosos que queriam lhe ajudar, mas que no fundo mesmo só queriam explorar a atriz para fins, digamos, libidinosos. Outros que não agradavam em nada eram os "apaixonados por si mesmos". Homens bonitos, fortes e musculosos, que perdiam mais tempo se olhando no espelho do que dando atenção para a mulher ao seu lado. Tipos egocêntricos, com cabelos cheios de brilhantina, e sorrisos falsos. Sexualmente esse tipo de parceiro, segundo Marilyn, não era nada interessante na cama. Só procuravam se satisfazer sexualmente a si mesmos, ao seus egos famintos, deixando as pobres garotas ao seu lado insatisfeitas.

Marilyn reclamava bastante também da forma como os homens de sua época faziam amor. Para a atriz a grande maioria deles eram puramente "mecânicos" e não se importavam em dar carinho ou afeto para ela. Assim Marilyn ficava com a impressão que esses tais "garanhões" se comportavam na verdade como se estivessem em algum atividade esportiva, em maratonas de exercícios e não em uma relação que exigia também cumplicidade e afeição com a parceira. Como teve muitos amantes Marilyn também acabou conseguindo ter uma boa experiência com homens em geral. Os vários relacionamentos e namoros fizeram com que ela logo descartasse os bonitões de estúdio que lhe importunavam.

O tipo ideal de homem para Marilyn acabou sendo bem mais velho do que ela, geralmente pessoas mais carinhosas e que sabiam ouvir. Também começou a ter uma queda por homens intelectualmente interessantes, que pudessem lhe trazer mais cultura e conhecimento. O sexo, na opinião de Marilyn, jamais poderia ser o fator mais importante em um relacionamento e ela provou seu ponto de vista no casamento com Joe DiMaggio. Sexualmente eles se davam muito bem, mas Joe era intelectualmente medíocre. Um italiano que preferia falar sobre esportes a ter algum tipo de conversa com mais conteúdo ao lado de sua jovem esposa. Não demorou então e o casamento entre eles logo acabou. Afinal de contas como ela própria dizia: "Uma relação sexual dura poucos minutos, depois você terá que aturar seu homem pelo resto do dia! Se não for uma pessoa interessante você estará em uma situação complicada de se lidar".

Outro fato curioso sobre Marilyn embaixo dos lençóis é que ela geralmente ficava frustrada após uma noite de amor. Ela não tinha muito prazer e isso lhe deixou bem encucada por um bom tempo. Em seu diário confessou: "Devo ser frígida, porque nunca fico plenamente satisfeita com sexo!". O pior acontecia quando ela tinha relações com homens que pouco se importavam se ela estava tendo algum prazer. Depois de uma transa rápida simplesmente viravam para o lado na cama e iam dormir. Não raro Marilyn ficava devastada quando isso acontecia. Sua frustração chegou ao ponto dela se perguntar se ainda gostava mesmo de homens, se era de fato heterossexual. "Será que se eu me relacionasse com uma mulher teria maior prazer?" - era um pensamento recorrente que Marilyn resolveu inclusive colocar no papel. Curiosamente porém ela nunca quis dar um passo à frente nessa questão e pelo que se saiba não existem evidências fortes o suficientes para revelar algum caso lésbico em sua vida. Pelo visto a atriz seguiu mesmo o caminho dos frustrantes relacionamentos com homens, ainda que muitos deles fossem decepcionantes e sexualmente insatisfatórios.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Patrulha da Madrugada

Título no Brasil: Patrulha da Madrugada
Título Original: The Dawn Patrol
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Edmund Goulding
Roteiro: Seton I. Miller, Dan Totheroh
Elenco: Errol Flynn, Basil Rathbone, David Niven, Donald Crisp, Melville Cooper, Barry Fitzgerald

Sinopse:
A história do filme se passa em 1915. Um audacioso piloto da força aérea real da Inglaterra, interpretado pelo astro do cinema Errol Flynn, acaba se destacando na defesa de seu país, em um continente devastado pela Primeira Guerra Mundial. Filme com roteiro inspirado em fatos históricos reais. 

Comentários:
Depois do grande sucesso do filme em que interpretava Robin Hood, o astro Errol Flynn procurou por uma mudança de ares. Ele já havia sido o aventureiro dos sete mares em vários filmes, por isso recusou o roteiro em que iria interpretar mais um pirata. Acabou achando o que procurava quando esse script chegou até ele. A história do filme se passava durante a I Guerra Mundial e ele iria interpretar um corajoso piloto inglês. Era o ideal, o que ele estava esperando. Para quem gosta de aviões históricos o filme tem um atrativo a mais. Todos os modelos de duas asas que se vê no filme são originais! Os velhos aviões militares ainda estavam operacionais e voaram perfeitamente bem nas cenas, inclusive recriando as manobras do campo de batalha. O próprio Flynn subiu em um dos aviões e pilotou ele mesmo a máquina, apesar dos protestos e da oposição do estúdio que temia por um acidente. Enfim, temos aqui um bom filme de guerra com o sabor de aventura da velha Hollywood que tanto apreciamos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Êxito Fugaz

Título no Brasil: Êxito Fugaz
Título Original: Young Man with a Horn
Ano de Lançamento: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Carl Foreman, Edmund H. North
Elenco: Kirk Douglas, Lauren Bacall, Doris Day

Sinopse:
O jovem Rick Martin (Kirk Douglas) descobre que tem um dom para a música e se apaixona pelo trompete. O lendário trompetista Art Hazzard coloca Rick sob sua proteção e lhe ensina tudo o que sabe sobre como tocar. Rick acaba se tornando um trompetista famoso, mas sua personalidade volátil e seu desejo de tocar jazz em vez das músicas mais convencionais das bandas para as quais trabalha o colocam em uma situação complicada.

Comentários:
O jazz quando surgiu tinha o mesmo aspecto de som revolucionário que o rock iria ter alguns anos depois. Era considerado uma sonoridade da parcela negra e marginal da sociedade, então havia todo aquele preconceito e perseguição que bem conhecemos. Esse filme aqui tenta trazer um retrato desse tempo, focando no personagem de Kirk Douglas que não sabia tocar nenhum instrumento, mas como bom ator que era, passava de forma convincente nas telas de cinema como um músico talentoso. E ele precisa também se decidir entre duas mulheres fortes em sua vida, sendo uma delas a Doris Day quer era naquela época um símbolo de boa moça da sociedade. Enfim, um bom filme cujo roteiro até hoje se mostra bem interessante por causa do contexto cultural em que a história do filme se desenvolve. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

...E O Vento Levou

Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Os Desaparecidos

Título no Brasil: Os Desaparecidos
Título Original: Bureau of Missing Persons
Ano de Lançamento: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Roy Del Ruth
Roteiro: Robert Presnell Sr, John H. Ayers
Elenco: Bette Davis, Lewis Stone, Pat O'Brien

Sinopse:
Uma jovem e bonita loira vai até o departamento de polícia para denunciar o desaparecimento do próprio marido. Assim que os detetives entram no caso descobrem que há coisas bem esquisitas acontecendo. O homem desaparecido não era casado e aquela jovem parece ser a principal suspeita do crime. 

Comentários:
Um filme policial B da Warner Bros, produzido na década de 1930 e estrelado pela grande atriz Bette Davis. Ela estava bem jovem quando fez esse filme e procurava seguir os passos, pelo menos no visual, da moda da época, com os cabelos platinados, bem marcantes. Um fato curioso é que Davis sempre teve muita personalidade, mesmo quando jovem. Assim que ela entra na delegacia você já percebe que a metadr das coisas que diz são pura mentira, e a outra não é nada confiável. Suas tentativas de parecer tolinha e bobinha, inocente de tudo, não enganam ninguém e esse é apenas um dos charmes desse bom filme policial. Destaque para a cena no necrotério, que é de um humor negro muito refinado realmente. Para quem pensa que o cinema antigo era tolinho... Era nada, pelo contrário, tinha ótimas sacadas de roteiro. 

Pablo Aluísio.