segunda-feira, 29 de janeiro de 2024
Filmografia de Marlon Brando - Parte 1
domingo, 28 de janeiro de 2024
Disque M Para Matar
Fingindo não saber de absolutamente nada, ele então planeja uma forma de matar a esposa infiel para de quebra se tornar o único herdeiro de sua fortuna. Para colocar em prática sua artimanha criminosa, resolve chantagear um antigo colega de universidade, Swan (Anthony Dawson), que agora vive de explorar mulheres idosas, ricas e solitárias. Enquanto se garante com um álibi, em um evento social, seu comparsa deve entrar em sua casa para asfixiar sua esposa, tentando passar a ideia de que tudo foi apenas um roubo mal sucedido. No começo tudo ocorre bem até que algo acaba não saindo como havia sido inicialmente planejado.
Que Alfred Hitchcock foi um dos grandes gênios do cinema ninguém mais duvida. O diretor tinha um talento incomum para contar enredos sórdidos de uma maneira toda especial. Na superfície, seus personagens viviam em uma espécie de conto de fadas moderno, onde todos eram ricos, felizes e bonitos. Por debaixo dessa aparente normalidade se escondia os mais terríveis sentimentos mesquinhos. Veja o caso do casal formado por Mary (Kelly) e Tony (Milland). Ela é uma bem sucedida mulher, loira e linda, que não desperta suspeitas. Todos pensam ser a esposa ideal. Ele é um ex-tenista, agora aposentado, que se diz muito feliz em se dedicar completamente à esposa e seus caprichos. Um casal realmente perfeito a admirável. Isso é o que a sociedade pensa ser a verdade.
Por debaixo de tudo se esconde uma mulher infeliz com seu casamento de fachada, a ponto de nutrir um amor secreto e inconfessável. Na verdade ela não sente nenhum carinho ou afeição pelo marido e morre mesmo de amores por um antigo amor, um escritor de tramas policiais. Como não pode assumir esse seu sentimento proibido publicamente, começa a ter encontros escondidos com o amante. O marido, que sempre aparentou ser um homem muito educado e fino, um verdadeiro gentleman, acaba descobrindo a traição de sua jovem esposa, mas ao invés de se divorciar em um escandaloso rompimento perante a sociedade ele resolve ir por um caminho mais sutil e... fatal. Ele entra em contato com um antigo conhecido da universidade, um sujeito que não conseguiu se dar bem na vida, vivendo de pequenos e grandes golpes, explorando mulheres velhas e ricas. Um verdadeiro escroque.
A intenção é clara, o sujeito deve matar sua esposa infiel, em sua própria casa, enquanto ele, o marido, surge numa festa, na frente de todos, o que o livraria de uma eventual acusação de tê-la matado. Para atrair ela até um quarto escuro de sua casa, onde o assassino cometerá o crime, Tony usa o telefone. Assim que Margot o atender deverá ser assassinada. Aqui Hitchcock expõe todos os detalhes do plano e depois dos acontecimentos que vão surgindo em decorrência de vários imprevistos. O personagem Tony (Ray Milland) é extremamente inteligente e consegue armar contra todos, inclusive enganando os experientes inspetores da polícia. Tudo acaba caminhando muito bem, mesmo que por linhas tortas, até um pequeno, quase invisível detalhe, colocar tudo a perder. Esse roteiro pode ser descrito como um intrigado caso criminal, baseado muitas vezes em um tipo de suspense mais intelectual, apelando quase sempre para a perspicácia do espectador, que deve ficar bem atento para não perder nenhum detalhe. Nesse aspecto é certamente um dos grandes filmes da carreira do mestre. É um clássico absoluto do suspense na história da sétima arte.
Disque M Para Matar (Dial M for Murder, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Warner Bros / Direção: Alfred Hitchcock /Roteiro: Frederick Knott / Elenco: Grace Kelly, Ray Milland, Robert Cummings, John Williams, Anthony Dawson / Sinopse: Marido planeja matar a esposa infiel contando com a colaboração de um amigo. Tudo é minuciosamente planejado. Porém dar certo como previsto já seria uma outra história completamente diferente. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Grace Kelly).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024
A Jovem que Tinha Tudo
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
Como Agarrar um Milionário
Estrelado por três atrizes o filme hoje é mais procurado por causa da presença de Marilyn Monroe em cena. Sua personagem não é a principal (lugar que cabe à mulher de Humphrey Bogart, Lauren Bacall) mas ela claramente chama todas as atenções para si. Bastante jovem, Marilyn faz um tipo cômico, uma garota bonita que não consegue enxergar um palmo à frente do rosto. No livro "A Deusa" há uma hilária passagem em que Marilyn procura o diretor do filme, Jean Negulesco, para lhe fazer mil perguntas sobre sua personagem, quais seriam suas motivações, seu perfil psicológico, etc. Monroe estava cada vez mais interessada no método do Actors Studio e por isso procurava desenvolver bem seus papéis. Surpreso pelo verdadeiro "interrogatório" Negulesco interrompeu a conversa dizendo: "Querida essa é uma simples comédia apenas e tudo o que você precisa saber de seu personagem é que ela é loira, burra e cega como um morcego!". Monroe obviamente não gostou nada da resposta! Já Bacall faz a mais velha das três, uma desiludida divorciada que quer tirar o pé da lama arranjando logo um maridão rico para resolver seus problemas financeiros. Completa o trio a atriz Betty Gable. Com um penteado pra lá de esquisito em relação aos padrões atuais, ela não acrescenta muito em seu papel de dondoca. Não era uma atriz particularmente engraçada ou carismática. O filme como diversão é muito bom, embora bem menos ousado que muitos dos futuros filmes de Marilyn. Como ponto negativo não tem nenhum número musical com a atriz, embora a trilha sonora seja ótima.
Como Agarrar Um Milionário (How to Marry a Millionaire, Estados Unidos, 1953) Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Nunnally Johnson baseado na peça de Zoe Akins / Elenco: Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Betty Grable / Sinopse: Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Dentro da Noite
Título Original: They Drive By Night
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Jerry Wald, Richard Macaulay
Elenco: George Raft, Ann Sheridan, Ida Lupino, Humphrey Bogart, Gale Page, Alan Hale
Sinopse:
Os atores George Raft, Humphrey Bogart e Alan Hale interpretam motoristas de caminhão que carregam frutas e legumes para supermercados da cidade. Enquanto Raft envolve-se com a mulher (Lupino) do patrão, Bogart e Hale envolvem-se numa trama perigosa.
Comentários:
Um show de interpretação de Ida Lupino... Nas décadas de 30, 40 e 50 Hollywood fazia esse tipo de filme aos borbotões. Nesse em especial e com o ótimo Raoul Walsh na direção, a história gira em torno da vida de um grupo de caminhoneiros, seus dramas, o perigo das estradas, as noites viradas sem dormir e suas dívidas com os caminhões e com as cargas. George Raft e Humphrey Bogart são dois irmãos caminhoneiros que trabalham para um patrão déspota e desonesto. Paralelamente os dois também lutam para acabar de pagar o caminhão em que trabalham. No entanto a virada na vida dos dois estava próxima. Raft, por acaso, reencontra um velho amigo caminhoneiro que se transformara num rico empresário. O problema é que a mulher do empresário (Lupino) foi seu grande amor no passado. E depois de reencontrar o seu ex-grande amor, Lupino não vai deixar escapa-lo, nem que para isso ela tenha que dar um fim em seu casamento de fachada. Nota 8
Telmo Vilela Jr.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
Os Dez Mandamentos
O resultado certamente soa grandioso na tela, não apenas pelos exageros de cenários, figurinos, etc, mas também pela longa duração do filme, o que assustou um pouco os donos de cinema da época, pois eles acreditavam que isso iria ser prejudicial nas bilheterias. Não foi, "Os Dez Mandamentos" se tornou uma das maiores bilheterias da época e acabou abrindo caminho para outras megaproduções que seguiam na mesma linha. Para o ator Charlton Heston esse clássico foi um divisor de águas pois interpretar Móises marcou para sempre sua carreira. Enfim, um dos filmes que melhor captaram o que Hollywood poderia fazer de melhor naquele período histórico.
Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments, Estados Unidos, 1956) Direção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Dorothy Clarke, A.E. Southon / Elenco: Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter / Sinopse: O filme conta a história de Moisés (Heston), líder religioso e político do povo hebreu que liderou sua saída do Egito, onde viveram como escravos por longos anos. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhores efeitos especiais (John P. Fulton).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
A Um Passo da Eternidade
O soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift) é transferido para uma base militar no Havaí após ter alguns problemas com oficiais no quartel onde servia. Lá ele fica sob o comando do Sargento Milton Warden (Burt Lancaster). Prewitt tem fama de bom boxeador, mas não quer voltar aos ringues. Como o Comandante do grupo é fã do esporte ele tenta convencer o soldado a lutar de qualquer jeito ao lhe impor uma rígida disciplina militar. Seu objetivo é forçar Previtt a lutar na competição militar, mas ele resiste bravamente. Nesse ínterim, o Sargento Milton decide começar um caso extraconjugal com a bela Karen Holmes (Deborah Kerr); O problema é que ela é a esposa de seu Capitão!
"A Um Passo da Eternidade" é um dos clássicos mais famosos da história do cinema americano. O que o distingue dos demais filmes de guerra da época é que o roteiro do filme procura desenvolver o máximo possível o aspecto mais humano dos personagens em cena. O papel de Clift é um exemplo. Ele é um novato que sofre todos os tipos de humilhações dentro da base. Mesmo assim resiste ás provocações para demonstrar seu ponto de vista. Ao se envolver com a dançarina de cabaré Lorene Burke (Donna Reed) ele procura acima de tudo uma redenção em sua vida, algo que valha a pena lutar. O enredo gira em torno dele, mas o filme não se resume a isso pois tem como pano de fundo o grande ataque japonês ao porto americano de Pearl Harbor, fato que ocasionou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. O argumento assim tenta dar um rosto e uma história para os milhares de militares americanos que estavam no Havaí nesse grande bombardeio das forças do império japonês.
Baseado no romance best-seller de James Jones, "A Um Passo da Eternidade" é, em essência, um filme sobre relacionamentos humanos, paixões, rivalidades nas vésperas de um dos maiores acontecimentos da história norte-americana. Além do filme em si ser um marco, a produção ficou conhecida também por várias histórias de bastidores. Uma das mais conhecidas envolveu o cantor Frank Sinatra. Na época ele estava em um péssimo momento na carreira. Após ter um problema vocal suas vendas despencaram e assim Sinatra ficou sem muitas alternativas. Ao descobrir que a Columbia faria "A um Passo da Eternidade" resolveu lutar pelo papel de Angelo Maggio, um soldado boa praça que é vítima de um guarda sádico (interpretado pelo sempre ótimo Ernest Borgnine). O drama para Sinatra começou quando o diretor Fred Zinnemann o recusou para o filme. Segundo afirmam alguns livros o chefão mafioso Sam Giancana, atendendo a um pedido desesperado de Sinatra, colocou Zinnemann contra a parede para que ele escalasse o cantor em decadência. O fato acabou sendo utilizado em "O Poderoso Chefão" em uma cena em que um cantor italiano pede ajuda a Don Vito Corleone para que ele fosse escalado para um filme importante. A cena é impactante quando uma cabeça de cavalo decepada é colocada ao lado da cama de um cineasta famoso.
De qualquer modo, seja lá como entrou no filme, o fato é que Sinatra conseguiu voltar ao auge. Ele venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação e o filme acabou se tornando o grande premiado de seu ano, levando para casa ainda mais sete prêmios. Uma consagração praticamente completa na mais prestigiada premiação do cinema mundial. Burt Lancaster também foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas não venceu. Havia um certo preconceito contra ele, por ser um astro de filmes de ação e aventura na época. Já Montgomery Clift foi completamente esquecido em mais uma daquelas famosas injustiças da Academia. A consolação para Lancaster veio pelo fato de ter feito a cena mais famosa de sua carreira, quando beija Deborah Kerr na beira da praia. Um momento considerado extremamente ousado para a época, com sensualidade à flor da pele.
A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity, Estados Unidos, 1953) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Daniel Taradash baseado no romance de James Jones / Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Frank Sinatra, Donna Reed, Ernest Borgnine, Philip Ober / Sinopse: Nas vésperas do ataque japonês à base de Pearl Harbor, fato que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial, um grupo de soldados vivem seus dramas pessoais em um regimento do Havaí. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Fred Zinnemann), Melhor Roteiro (Daniel Taradash), Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra), Melhor Atriz Coadjuvante (Donna Reed), Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey), Melhor Som (John P. Livadary) e Melhor Edição (William A. Lyon). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Fred Zinnemann) e Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra),
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2024
A Espada de Damasco
Não há como negar que esse tipo de produção soa totalmente datada nos dias de hoje. Nada é muito bem cuidado em termos de cenário, figurino, roteiro e diálogos. Tudo aparenta ser bem falso, filmado com pouco dinheiro no quintal dos estúdios Universal. É um tipo de aventura ligeira que hoje em dia aparente ser por demais inocente e até sem muito nexo. Em um produção infanto juvenil como essa "A Espada de Damasco" pouco coisa é ainda relevante nos dias de hoje mas gostaria de destacar o trabalho da simpática atriz Piper Laurie que empresta muito carisma ao resultado final. Fazendo uma princesa pouco convencional ela mantém o mínimo interesse em um argumento de teatro infantil. Em suma "A Espada de Damasco" não se sustenta nos dias de hoje, envelheceu e se tornou obsoleto. Só vale mesmo pela curiosidade de conhecer como eram os filmes das "Mil e Uma Noites" da Universal na década de 1950. Aqui realmente apenas a nostalgia e o saudosismo salvam o filme em uma revisão atual. O resto está ultrapassado pelo tempo.
A Espada de Damasco (The Golden Blade, EUA, 1953) Direção: Nathan Juran / Roteiro: John Rich / Elenco: Rock Hudson, Piper Laurie, Gene Evans / Sinopse: Na história Harun (Rock Hudson) é um jovem do deserto que vê seu pai ser assassinado por guardas do Califa de Bagdá. Jurando vingança vai até a cidade e lá conhece um comerciante que acaba lhe vendendo uma antiguidade, uma espada milenar que tem poderes mágicos, tornando aquele que a possuir literalmente invencível.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
Famintas de Amor
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
Vidas em Fuga
O elenco está brilhante. Brando curiosamente está contido. Seu Val "Snakeskin" Xavier é em essência um espectador privilegiado dos acontecimentos. Sua presença sensual e provocadora logo desperta o que há de pior entre os moradores da cidade. Irresistivel para as mulheres e odiado pelos homens, sua persona parece ter sido levemente inspirada em michês que passaram pela vida de Tennessee Williams. É o típico caso do sujeito sem profissão definida, que viaja de cidade em cidade em busca de uma melhor sorte. Para tanto usa de sua beleza para alcançar dinheiro e posição, muitas vezes praticando pequenos delitos no caminho. Já Anna Magnani, com forte sotaque italiano, também esbanja boa atuação. Não deixa de ser curioso o fato dela ter perseguido Brando no set de filmagem em busca de um envolvimento amoroso. Como relatado em sua autobiografia, Marlon descreveu o assédio de Anna como uma busca pela juventude perdida. Com a idade chegando a atriz procurava se envolver cada vez mais com jovens, numa triste metáfora com sua própria personagem no filme. Após várias tentativas frustradas Brando a dispensou discretamente. Ele não tinha qualquer interesse nela, exceto em nível puramente profissional. Os problemas entre os atores nos bastidores porém não prejudicou o resultado final do filme. Brando e Magnani estão perfeitos em seus respectivos papéis. Outro destaque digno de nota é a boa atuação de Joanne Woodward. Na pele de uma personagem complicada que facilmente poderia desandar para a caricatura, Joanne se mostra adequada e talentosa na medida certa. Enfim, nada melhor do que conferir mais uma produção que une Tennessee Williams e Marlon Brando. Não chega a ser tão marcante como "Um Bonde Chamado Desejo" mas mantém o alto nível. O resultado final é excelente.
Vidas em Fuga (The Fugitive Kind, Estados Unidos, 1960) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Meade Roberts adaptado da peça "Orpheus Descending" de Tenneesse Williams / Elenco: Marlon Brando, Anna Magnani, Joanne Woodward e Maureen Stapleton / Sinopse: Valentine Xavier (Marlon Brando) é um artista de New Orleans que vive tocando entre um lugar e outro, até decidir se instalar em uma pequena cidade entre New Orleans e Memphis. Enquanto o passado de Valentine vem à tona, ele se envolve com uma excêntrica mulher casada.
Pablo Aluísio.