domingo, 9 de junho de 2024

Assassina das Estradas - Parte II

Cap. II - A Assassina
Não muito longe dali, em um bar para motoqueiros, Alicyn Woother bebia uma cerveja gelada. Ela certamente não se enquadraria em um perfil típico de assassina do FBI. Estava mais para vítima. Aos 12 anos havia sofrido abuso sexual de seus próprios parentes próximos. Traumatizada, saiu de casa. Para sobreviver trocava sexo por dinheiro ou carteira de cigarros. Foi criada praticamente na rua, sendo abusada por pedófilos. Era uma vida triste. Só que agora Alicyn parecia viver uma vida mais feliz. Há alguns anos ela tinha se descoberto lésbica. Anos e anos sendo abusada por homens imundos fizeram com que ela criasse uma ojeriza com o sexo masculino. Havia criado um trauma com o falo ereto. As mulheres eram mais delicadas, carinhosas e sensíveis. Não é de se admirar que ela havia se tornado lésbica.

Agora estava tendo um caso amoroso com Kaitlin Riley. Ela trabalhava em pequenos empregos mal remunerados nos motéis da região. Trabalhava como faxineira e arrumadeira. Era o que os americanos costumam chamar vergonhosamente de "White Trash" (Lixo branco). Pessoas até bonitas, mas pobres, sem educação formal superior. Ela tinha um jeito meio masculinizado, o que lhe valia em certas ocasiões o apelido de "Buddy", como se fosse um cara qualquer, que tinha gestos másculos e falava sobre futebol americano. Com ombros fortes e cabelo curto parecia mesmo um macho, um caminhoneiro da pesada.

Em muitos casos envolvendo casais de lésbicas havia a que representava o lado masculino da relação e o que servia como a mulher feminina. Kaitlin Riley "Buddy" era o machão do namoro, o que em certos meios gays é conhecido como "Lady Botina". Alicyn Woother era a fêmea, o que em redutos era conhecida como Lady Penélope. As duas tinham alugado um quarto na beira da rodovia. Estavam vivendo bem. O que "Buddy" não sabia era como sua namorada ganhava dinheiro, afinal ela nunca tinha um emprego. Saía pela manhã e voltava no final de tarde, sempre com algum dinheiro. "Buddy" não dizia para ninguém mas desconfiava que ela fazia programas nas rodovias próximas. Porém esse assunto nunca era discutido entre elas. Iria quebrar o clima, quebrar o romantismo.

Alicyn Woother estava com 38 anos de idade. Estava perto dos 40. Já não sonhava com príncipes encantados. Ela também já tinha passado da idade de ser uma mulher atraente, que fosse interessar a alguém para se casar e ter um relacionamento. Sem profissão nenhuma, acabou se tornando prostituta de estrada. Para sua segurança ela havia comprado um revólver 38. Ela só entrava dentro do carro dos clientes devidamente armada. Como tinha uma personalidade psicopata pouco se importava com a vida humana. Depois de milhares de programas ela entendeu - em sua mente doentia - que era mais fácil simplesmente dar um tiro naquele que a contratava.

Um tiro certeiro no coração. Depois que o tal sujeito caía tudo o que ela precisava era roubar sua carteira e ir atrás de algo de valor nas cabines dos caminhões ou carros. Também era uma assassina desajeitada, que não tomava precauções no quesito provas. Digitais dela estavam em todas as partes. A polícia as tinha levado para perícia, mas faltava uma digital no banco de dados de criminosos para bater com o que eles tinham.

Enquanto os corpos iam aparecendo a imprensa começou a se interessar pelo caso. Vazamentos do departamento de polícia tinham chegado nas redações de jornais. Era muito interessante ter uma mulher como assassina. Não tardou muito e as manchetes vinham com sua nova alcunha de "Assassina das Estradas". O velho detetive ficou contrariado com toda a sensacionalismo do noticiários. Isso iria atrapalhar as investigações. Ele então resolveu ligar para o chefe de redação e foi bem claro sobre tudo o qu estava acontecendo.

Parem de publicar informações confidenciais! Isso vai atrapalhar as investigações! - Ninguém se importou. Nenhum jornalista deixou de continuar a escrever sobre o caso. Vendia jornais, despertava interesse do público, então a imprensa iria continuar a aproveitar ao máximo. O que Cliford estava disposto a fazer para pegar a criminosa? Ele então pensou em algo até óbvio. Ele iria preparar uma armadilha para ela. Quem sabe assim ela cairia nas mãos dos policiais.

Pablo Aluísio. 

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