segunda-feira, 3 de julho de 2023

Eles e Elas

Marlon Brando era um dos maiores atores de sua época. Porém não sabia cantar. Frank Sinatra era o rei da música, chamado de The Voice (a Voz) pelos críticos musicais. Como ator porém muitas vezes deixava a desejar. Assim teríamos um filme perfeito unindo esses dois talentos. Pelos menos foi assim que pensaram os executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Só que as coisas definitivamente não saíram bem como os produtores desejavam. Esse musical chamado "Eles e Elas" acabou se tornando um dos filmes mais singulares das carreiras de Brando e Sinatra. A trilha sonora foi gravada usando as diversas tentativas de Brando em cantar bem. Entre as inúmeras desafinadas os produtores conseguiram pincelar pequenos momentos. Depois editaram tudo e o espectador acabou mesmo acreditando que Brando era um cantor, mesmo que meramente mediano.

Já Frank Sinatra não gostou nada da experiência. Ele era um ator pragmático, que queria resolver tudo em apenas um ou dois takes. Porém ao contracenar com Marlon Brando precisou ter paciência em dobro para lidar com os métodos do Actor Studio. Isso acabou criando uma antipatia mútua entre Brando e Sinatra no set de filmagens. No final das gravações eles estavam praticamente sem se falar. Para Brando o ator Frank Sinatra não passava de um cantor tentando atuar sem passar muita vergonha. Ele achava Sinatra bem ruim. Para Sinatra, Brando era superestimado pela crítica. Ele também tinha achado as performances vocais de Marlon um verdadeiro desastre. Como nenhum deles estava disposto a abrir mão de seus egos monumentais a tensão imperou no estúdio. De uma maneira ou outra o público gostou do filme e ele foi até indicado ao Oscar, apesar da crítica não ter apreciado muito. Quem diria que algo assim poderia dar tanto certo no final?

Eles e Elas (Guys and Dolls, Estados Unidos, 1955) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Jo Swerling, baseada no peça escrita por Abe Burrows / Elenco: Marlon Brando, Frank Sinatra, Jean Simmons, Vivian Blaine / Sinopse: Uma bela garota acaba servindo de pretexto para uma aposta nada ética. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Harry Stradling Sr), Melhor Direção de Arte (Oliver Smith, Joseph C. Wright), Melhor Figurino (Irene Sharaff) e Melhor Música (Jay Blackton, Cyril J. Mockridge). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Musical ou Comédia e Melhor Atriz (Jean Simmons).

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Pablo:
    Os executivos que acharam que juntar dois egos gigantescos e completamente antagônicos, seria uma boa ideia, que isso criaria algum tipo de simbiose em que dois medios (atuação Sinatra, canto Brando) se transmutam em um ser perfeito, ou eles eram loucos, ou burros, porque nessa epoca tanto o Sinatra como o Brando ja tinham dado amostras do tipo de pessoa que eram.

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  2. Exatamente e foram além... resolveram colocar em um filme musical um dos maiores cantores do mundo ao lado de um ator que não sabia cantar! Havia produtor sem noção na velha Hollywood também...

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